O tiro com arco (prática de utilizar um arco e flechas para atingir um alvo) surgiu como atividade de caça e guerra nos primórdios da civilização, com indícios da sua prática ainda na pré-história. A introdução de armas de fogo retirou do arco e flecha a sua função bélica, levando-o a um declínio na sua popularidade.
A partir dos séculos XVI e XVII, a prática passou a ser cada vez mais tratada como desporto, com torneios semelhantes aos actuais, surgindo notadamente na Inglaterra. O mais antigo torneio de tiro com arco registrado, o Scorton Arrow, foi disputado em 1673. Em Yorkshire
O tiro com arco foi introduzido nos Jogos Olímpicos modernos em 1900, sendo disputado até 1920. A diferença entre as regras aplicadas nos diferentes países fez com que a modalidade ficasse ausente do evento por várias décadas. A partir de 1972, em Munique, com a adoção das regras da Federação Internacional de Tiro com Arco, (FITA), por um número suficiente de países, o tiro com arco voltou a ser admitido à condição de desporto olímpico, a qual mantém até hoje.
Equipamento
No tiro com arco moderno são utilizados principalmente dois tipos de arco: o recurvo e o composto, ficando de fora arcos do tipo longbow.
Arco recurvo
É o único tipo de arco permitido nos Jogos Olímpicos. Basicamente um arco recurvo é composto por lâminas, punho e corda. Adicionalmente são acrescentados outros componentes, como mira, estabilizadores, e outros.
O seu princípio de funcionamento baseia-se na acumulação de energia nas lâminas do arco, que são peças acopladas ao punho (local onde se segura o arco). Essas peças são feitas de madeira laminada ou materiais sintéticos, dentre dos quais se destacam os compostos de carbono.
Arco composto
O arco composto foi desenvolvido a partir dos anos 70 com a finalidade de alcançar maiores potências de tiro com menor esforço. O arco composto possui um sistema de roldanas elípticas, que aumentam a quantidade de energia armazenada pelo arco, permitindo ao arqueiro reduzir a força que emprega. Dessa forma, um arqueiro alcança facilmente maiores potências de tiro, a partir de 60 libras, o que torna o uso deste equipamento muito popular não só em competições, como também na caça desportiva de animais de grande porte.
A corda do arco, feita de kevlar e de outros materiais sintéticos de elevada resistência e durabilidade, deve ser esticada pelos três dedos centrais, com ambos os braços em linha recta, até encostar ao queixo. Só depois de conseguir fazer naturalmente este movimento, sem esforço exagerado, é que o candidato a arqueiro começa a praticar com flechas.
Flecha
A flecha consiste numa haste de secção circular, possuindo na extremidade anterior uma ponta perfurante e na extremidade posterior um conjunto de três aletas estabilizadoras, conhecidas como penas. As penas são afixadas lateralmente no corpo da flecha, enquanto na extremidade propriamente dita é colocada uma peça em forma de "U", conhecida como nock, cuja finalidade é prender a flecha na corda do arco. As flechas modernas podem ser feitas de alumínio, madeira, de fibra de carbono com pontas de aço, nock plástico e aletas plásticas ou penas naturais de ganso.
Alvos
Os alvos são feitos de papel simples ou entretelado, ou de materiais sintéticos, como o Tyvek. Consiste num diagrama de anéis concêntricos graduados de 10 a 6 a partir do centro, identificado pelas cores amarelo (10 e 9 pontos), vermelho (8 e 7 pontos) e azul (6 pontos). Nos torneios outdoor, o alvo é complementado com anéis no valor de 5 a 1, nas cores azul(5), preto (4 e 3) e branco (2 e 1). Quem manda uma flecha bem no meio, no número 10, "acerta na mosca", como é popularmente chamado o ponto central do alvo identificado com um sinal de +.
O tamanho do alvo obedece padrões internacionais de tamanho de acordo com a distância em que as flechas são atiradas. No início, os alvos são colocados a 10 metros de distância. Com o tempo, o atleta começa a treinar com distâncias maiores, até chegar aos dezoito metros, medida padrão das competições Indoor. Em competições Indoor cada arqueiro dispara duas séries de trinta flechas, totalizando sessenta flechas em alvos de 20 cm de diâmetro. Em torneios ao ar livre, o alvo chega a 122 cm de diâmetro.
Formas de competição
Algumas competições internacionais utilizam na fase de qualificação o chamado FITA Round, no qual os arqueiros atiram a distâncias de 90, 70, 50 e 30 metros para homens e 70, 60, 50 e 30 metros para mulheres, disparando 36 flechas em cada uma, seguida do combate, que determinará o campeão do torneio.
Em alguns campeonatos é apenas feito o FITA Round. O título de Campeão Brasileiro de Tiro com Arco é atualmente dado ao vencedor do FITA Round.
Outra modalidade aplicada ao tiro com arco, é a prova indoor, onde o arqueiro ou arqueira, a 18 metros do alvo, atira 10 séries de 3 tiros em 2 rounds, perfazendo o total de 60 tiros, podendo alcançar um máximo de 600 pontos.
Tiro com arco nos Jogos Olímpicos
Torneio de tiro com arco em Atenas, 2004:
O programa olímpico integrou o tiro com arco entre os Jogos Olímpicos de Verão de 1900 e os Jogos de 1920 (excepto em 1912), com provas muito diversas. O desporto regressou aos Jogos Olímpicos em 1972, sendo disputado apenas no individual até 1984, passando, a partir de 1988, a incluir a disputa por equipes.
Nos Jogos Olímpicos jogam-se quatro eventos de tiro com arco, todos realizados ao ar livre, utilizando um arco recurvo na distância de 70 metros. A prova é disputada individualmente e por equipes, por ambos os sexos.
Na rodada qualificatória, 64 arqueiros disparam 72 flechas (2 rodadas de 6 x 6 flechas) sobre um alvo com 1,22 metros de diâmetro. A pontuação obtida é usada para formar as chaves da fase eliminatória (o 1º contra o 64º; o 2º contra o 63º e assim por diante). Na fase eliminatória é feito o "combate olímpico", disputa entre dois arqueiros a 70m na qual são disparadas 4 rodadas de 3 flechas, onde o arqueiro com a maior pontuação avança para a fase seguinte.
A Coreia do Sul é o país com maior tradição olímpica do Tiro com Arco. Desde os jogos de 1984, este país conquistou 16 das 26 medalhas de ouro no desporto. Em Pequim (2008), os atletas sul-coreanos estabelecerem cinco novos recordes olímpicos, um recorde mundial, e conquistaram a sua 6ª medalha de ouro consecutiva na competição por equipes femininas, além da terceira consecutiva por equipes masculinas.
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